Noticias
Agenda
Universidade de Aveiro aplica cortiça em capacetes para maior segurança
05 Agosto 2013
Aveiro, 19 jul (Lusa) - Uma investigação do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro comprovou que a cortiça tem uma boa absorção ao impacto, podendo vir a ser combinada com o esferovite em capacetes, para aumentar a segurança.
Os investigadores da UA querem levar o produto ao mercado desportivo de alta competição, onde a segurança e o risco têm de andar de mãos dadas.
A ideia de aproveitar a "pele" do sobreiro para reforçar a segurança da cabeça de quem anda de moto pertence um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA), liderada por Ricardo Sousa, do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM).
Teste após teste, em relação à esferovite usada em exclusivo por todos os fabricantes mundiais de capacete, a cortiça não só tem maior capacidade para absorver um impacto como mantém essa característica intacta, caso o motociclista sofra na cabeça múltiplas pancadas.
Os revestimentos interiores dos capacetes, que servem para absorver a energia em caso de impacto, são hoje feitos quase exclusivamente em esferovite. Esse material, explica Ricardo Sousa "tem a vantagem de ser barato e leve" mas, por outro lado, "tem a grande desvantagem, quando sofre um primeiro impacto, de se deformar permanentemente, perdendo capacidade de reabsorção de energia", pelo que, num eventual segundo impacto, o motociclista fica à mercê da sorte.
Já o revestimento concebido na Universidade de Aveiro "não só absorve muito melhor o impacto do que a esferovite pura, como mantém a capacidade de absorver impactos mesmo quando ocorrem vários seguidos".
A introdução apenas de cortiça no material de revestimento, por si só, não resultaria pois tornaria o capacete muito pesado o que, em caso de acidente, provocaria uma energia de impacto muito maior. Por isso, os investigadores misturaram a matéria-prima do sobreiro com esferovite nas quantidades certas, até encontrarem um equilíbrio entre capacidade de absorção e peso.
"Neste momento, depois de vários testes com diferentes associações entre esferovite e cortiça, existe já uma solução patenteada", que consiste em excertos de micro aglomerado de cortiça inseridos numa matriz de esferovite, com as distâncias e tamanhos dos dois materiais devidamente estudados".
Admitindo que a proteção extra para capacetes de alta performance pode encarecer o fabrico, deverá ser aproveitada na alta competição, em desportos como o motociclismo, Fórmula 1, competições automobilísticas, ciclismo e hipismo, e ainda para fins militares.
De acordo com fonte académica, uma empresa nacional fabricante de capacetes preparase para fazer os primeiros protótipos industriais com o novo revestimento.